O humor está presente por todos os lados, mas a diversão foi mandada embora.
Desde que foi lançado originalmente no PlayStation, Sega Saturn e Jaguar, o herói sem pernas e braços já figurou em todo tipo de aventura, de jogos de pura plataforma em 2D até ação em 3D. Mas o sucesso de Rayman foi relativamente curto, já que a terceira continuação oficial recebeu críticas bem negativas e vendeu pouquíssimo.Com o lançamento do Nintendo Wii, o criador da franquia — Michel Ancel — fez uma releitura do personagem, colocando-o em universo ameaçado por criaturas nunca antes vistas: os Rabbids, coelhos pequeninos com um olhar extremamente simpático, mas dotados de um instinto assassino!
O foco não estava mais na narrativa e nem no personagem icônico, mas sim nos malvados, que assolam a face do planeta com seus atos de perversão. Com base neles, os jogadores podiam se divertir através de uma série de pequenos jogos, divididos em quatro modalidades (Esportes, Caça aos coelhos, Dança e Desafios), ideais para festas com os amigos.
A recepção foi excelente, tanto que apenas alguns meses depois a desenvolvedora resolveu transcrever a aventura para outras plataformas, incluindo o Xbox 360, que recebeu alguns desafios novos. A proposta é interessante, mas sem os controles sensíveis aos movimentos qual será o resultado?
Aprovado
Do que gostei:
Lindos coelhinhos... Ou não!
De todos os personagens criados (ou refeitos) nesta geração, os Rabbids — os coelhos vilões — são alguns dos que mais encantaram os jogadores. Eles são divertidos em todos os sentidos, além de imprevisíveis.
Você nunca sabe o que eles estão tramando, até que seus olhos brilhem em vermelho e eles partam com tudo para cima de você. As cenas deles dançando na pista ou com os trajes de Sam Fisher são simplesmente impagáveis.
E é aí que entra o grande trunfo do game: o humor maluco, que se utiliza das franquias da Ubisoft e de outras situações do mundo dos games e filmes para fazer com que os jogadores se divirtam boa parte do tempo. Quer outro exemplo? Para relembrar (jogar novamente) as missões dos dias anteriores, Rayman senta no “trono” para deixar a mente trabalhar... Que alívio!
Da sarjeta ao estrelato
Rayman Raving Rabbids traz consigo um modo de campanha, que narra um pouco melhor o que está acontecendo com o protagonista. Na realidade, Rayman foi capturado por uma versão superdesenvolvida dos coelhos e agora está preso em uma cela, tendo que ir todos os dias para a arena, local onde realizará as provas do dia.
Estas provas são basicamente os mesmos mini games disponíveis através do modo para diversos jogadores, com o diferencial de que aqui eles têm sequência definida. A cada etapa superada, você passa a ganhar fama entre os Rabbids, e com isso uma série de regalias, a exemplo de uma cama para o quarto.
Alem disso, novos visuais são adicionados ao seu guarda-roupa. Aparecerão trajes mexicanos, roupas da seleção brasileira de futebol (com o nome brincalhão de Raymaninho, tentando imitar Ronaldinho) ou até mesmo trajes de gangsters. Na hora das partidas em turma, todo mundo terá um visual único!
Do faroeste a Cindy Lauper
O clima das partidas é complementado na medida certa pela trilha sonora. Nas fases de tiro com os desentupidores, por exemplo, os assovios e as trilhas típicas de faroeste assumem a cena. Em disputas no gelo pela proximidade do alvo, cada rodada eleva a música em um tom, o que antecipa o ar de tensão que se forma enquanto os jogadores planejam seus movimentos.
Nas partidas rítmicas os embalos das décadas passadas voltam à tona. Ouvimos Cindy Lauper com Girls Just Wanna Have Fun, Le Chic com Good Times e até La Bamba. O grande detalhe é que o vocal... Ficou por conta dos Rabbids!
A triste notícia é que os pontos positivos acabam aqui.
Reprovado
Do que não gostei:
Apenas adaptado
De todas as versões lançadas, a do Xbox 360 é a que tem os gráficos mais bonitos... Infelizmente, quando dizemos bonitos, estamos nos referindo a uma comparação apenas com as demais versões do game, já que para os padrões atuais, o resultado é quase imperdoável. As texturas são borradas e não há nenhum show de efeitos, sendo o trabalho de arte o ponto mais forte neste quesito.
Mais triste ainda é percebermos que mesmo com gráficos tão fracos, o jogo ainda sofre com o baixo desempenho: em algumas partidas, como a de tiro na praia, a taxa de quadros por segundo (frames per second) despenca, deixando a ação na tela literalmente picotada, o que atrapalha tanto os olhos quanto os controles, que se tonam duplamente imprecisos.
Também não houve muito cuidado com a reformatação dos vídeos de apresentação, sendo que alguns deles apresentam baixíssima resolução, enquanto outros simplesmente não preenchem a tela por não estarem em formato widescreen.
Loading... Loading... Loading...
Isso pode parecer absurdo, mas praticamente para cada botão apertado no menu de seleção de missões há uma tela de loading diferente. O pior é que algumas delas chegam a levar mais de dez segundos para acabarem, o que se torna exaustivo rapidamente.
A apresentação dos pequenos vídeos engraçados até tenta combater um pouco do tédio, mas após a décima tentativa tudo vira uma imensa repetição. Você só pensará em apertar A para cortar as cenas e partir direto para a ação e com isso ainda corre o risco de não assistir a passagens engraçadas.
Feito para o Wii
Com a transição para o Xbox 360, Rayman e seus rivais peludos podem até ter ganhado uma boa dose de definição, mas isso não significa absolutamente nada em vista de um grande problema que surge: os alicerces do jogo eram justamente os controles por movimentos... E agora não há mais nada disso.
Tarefas que antes envolviam uma sessão de movimentos bem ritmados ou ainda precisão na hora de apontar (como nos jogos de redesenhar as formas na tela) tiveram os gestos substituídos pela ação do analógico ou dos gatilhos traseiros, o que é simplesmente entediante.
O jogo oferece suporte para a Xbox Live Vision (a câmera), que em teoria seria capaz de reconhecer seus movimentos, mas o resultado fica muito aquém do esperado. Em primeiro lugar, apenas alguns dos joguinhos são compatíveis (como o de música), o que elimina boa parte da diversão. E em alguns deles, você acabará brigando com a câmera mais do que se divertindo, que seria o principal propósito.
Depois de algumas provas, você verá a repetição tomando conta de tudo.
Um de cada vez...
Além da repetição, alguns mini games são jogados em turno no modo para diversos jogadores. Alguns exemplos são os lançamentos de vacas e os saltos pelo ar, nos quais os jogadores devem atravessar os anéis de fumaça.
A última reclamação vai para o departamento sonoro: por mais envolvente que a trilha possa soar em alguns momentos, não há como negar que os cortes súbitos são irritantes. Em certos trechos o silêncio simplesmente toma conta de tudo.
Conclusão
Infelizmente, Rayman Raving Rabbids parece ter perdido boa parte de sua “alma” ao deixar o Nintendo Wii. Existe mais conteúdo, mais variedade de fases e até mesmo gráficos melhores no Xbox 360, mas a noção de que são os movimentos e exigências malucas que tornam o game divertido foi perdida no processo de conversão.
No video game da Microsoft (e também nas demais versões que foram lançadas depois da do Wii) praticamente todas as tarefas se resumem a simplesmente pressionar um botão na hora certa (como na discoteca, com a chegada dos Rabbids), o que, convenhamos, não tem graça alguma, nem mesmo em modos de disputa com outros jogadores.
Os comandos pela câmera não são totalmente funcionais, sendo que muitas vezes os registros de imagem são lidos de forma errada pelo jogo, elevando a sensação de frustração dos jogadores.
Imperdoável é também o fato de que não houve qualquer cuidado com o acabamento e com a apresentação: vídeos rodam em baixa resolução, não há um comando para controle de câmera quando se está na arena e o desempenho é bem inconsistente.
Se você quer conferir porque a série se popularizou tanto, parta direto para a versão de Wii, que traz os melhores controles e as maiores doses de diversão, principalmente em turma. Ficar apertando meros botões em outras plataformas não tem graça alguma...
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