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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Mini Ninjas-Ps3

Jogabilidade intuitiva e belos gráficos. Faltou só o modo multiplayer.
Depois de fazer algum nome com a franquia Hitman, parece que a publicadora Io Interactive resolveu mudar um pouco a sua abordagem sobre assassinos. Afora o fato de tratar da história de assassinos milenares conhecidos pelo seu código de ética bastante flexível (uma parte da história que muita gente esquece), Mini Ninjas traz um interessante beat ‘em up indicado para praticamente qualquer audiência.

Reunindo diversão descompromissada, pancadaria politicamente correta e diversos itens que podem tornar a campanha relativamente curta um pouco mais longeva, Mini Ninjas serve ainda como uma interessante ode (mais uma) ao universo de tradições e mistérios orientais — com um apelo mais ou menos parecido com Muramasa: The Demon Blade.

Intermeado de passagens menores, a história de Mini Ninjas traz como elemento central o ninja (que realmente é “mini”) Hiru que, juntamente com o seu roliço amigo Futo, são a última esperança de um reino ameaçado por um terrível mal — sim, é clichê.

Há muito bem, após o Evil Samurai Warlord ser banido pela primeira vez, uma era de paz e tranquilidade tomou todo o império por mais de 300 anos. Durante esse tempo, a arte mágica conhecida como Kuji acabou esquecida, com sua memória sendo guardada apenas por santuários secretos espalhados pelo império.

Entretanto, após todo esse tempo, sinais intangíveis começam a indicar que algo novamente não vai bem. No topo da Montanha Ninja, o Mestre Ninja — sim, estes são os nomes — já enviou dezenas dos seus melhores guerreiros para compreender o que estaria acontecendo. Providencialmente, sobraram apenas Hiru e Futo.

Mas é justamente no plano maligno do terrível samurai que Mini Ninja dá o seu tom particular. Em um ímpeto de pura maldade, o samurai aprisiona os animais da floresta em autômatos descerebrados. Bem, nem tão particular assim, se você pensar que o Dr. Robotnik já havia aprisionado animaizinhos inocentes em carcaças de metal. Entretanto, diferentemente do que fazia Sonic, os seus ninjas aqui poderão libertar os pobres animais para em seguida possuir os seus corpos e atacar outros inimigos. Isso sim é original.

Além disso, cada nova etapa da história será contada através de cenas cinematográficas de ótima qualidade — embora boa parte, inexplicavelmente, não apareça automaticamente durante a campanha, mas sim na forma de extras. É claro, isso poderia dar a falsa ideia de que Mini Ninjas é um jogo estritamente linear. Não é bem assim.


Aprovado
Do que gostei:

Do ponto A ao ponto B. Mas com direito ao ponto C

Você pode ir direto. Mas explorar é muito mais divertido!Mini Ninjas certamente é um jogo consideravelmente linear. Quer dizer, toda a trama vai se desenrolar seguindo um script consideravelmente rígido, de forma que é praticamente impossível que alguém se sinta perdido entre a busca por um personagem aprisionado e uma luta contra um chefão.

Mas existem diversos motivos que justificam uma perambulação eventual através do império de Mini Ninjas. São itens secretos espalhados em locais pouco acessíveis, novos pergaminhos para magias localizados em santuários (razoavelmente) secretos e ainda um bom número de missões secundárias que terminam distribuindo alguma recompensa.

O mais interessante é que a própria organização das fases estimula a exploração. Até por que, entre um descampado cheio de animais para se libertar e uma clareira lotada de inimigos, é possível acompanhar o belo trabalho da direção de arte do jogo. Basicamente, você não vai encontrar nenhuma parte do cenário que não esteja ali por algum propósito — mesmo que seja apenas o de abrigar um acampamento inimigo ou a tenda de um druida (onde se pode comprar uma boa variedade de poções.

Jogabilidade simples e criativa

Controlar os Mini Ninjas enquanto eles dilaceram samurais e mandam inimigos gigantescos pelos ares não poderia ser mais simples e intuitivo, mas nem por isso menos estimulante. Basicamente, existem apenas dois botões destinados aos ataques diretos: um controlará a espada, e o outro trará um ataque secundário — excelente para quebrar a guarda.

No mais, você conta ainda com o típico leque de possibilidade de um ninja. Será possível virar mortais, andar pelas paredes, mover-se sorrateiramente (confira o tópico “stealth” mais abaixo) e liberar uma boa variedade de combos.



Mas boa parte do apelo da jogabilidade de Mini Ninjas vem das peculiaridades entre os personagens disponíveis. Cada qual terá sua própria arma, com ataques próprios e pontos fortes e fracos.

Hiro é o típico personagem rápido e com intensidade moderada nos golpes. Tal qual o típico ninja mítico, ele corta o ar, desaparece, e ataque os inimigos com arremetidas rápidas e precisas. Já o lenhador grandalhão Futo faz o tipo “lento, mas destruidor”, cujos movimentos arrastados são compensados por uma força muito maior (sobretudo nos ataques diretos). De fato, a escolha de personagens deve cumprir um papel crucial no estilo dos combates básicos do jogo.

No mais, cada personagem possui ainda um ataque especial, representado por três bolas vermelhas ao lado da tela. Hiru, por exemplo, é capaz de conter o fluxo do tempo momentaneamente, quando você poderá então mirar diretamente no inimigo que receberá um ataque indefensável. Já o grandalhão Futo é capaz de provocar grande destruição com o seu martelo de uma única vez, enquanto que Suzume pode fazer diversos samurais dançarem descontroladamente ao som da sua flauta — ingênuo, mas realmente engraçado.

Salvando... E possuindo pequenos animais da floresta

E aí, amigo. Que tal dar uma forcinha?Conforme mencionado anteriormente, um dos apelos mais criativos de Mini Ninjas aparece em uma das formas mais singulares da magia Kuji. Trata-se da habilidade — exclusiva de Hiru, assim como qualquer outra magia — de possuir quaisquer animais encontrados através das florestas. É claro, isso não acontece apenas pelo apelo espiritual da coisa.

Cada animal cujo corpo é possuído por Hiru confere uma habilidade específica ao protagonista. Animais menores, por exemplo, podem passar facilmente despercebidos por um batalhão de samurais, e também são capazes de detectar itens e santuários em meio à floresta. Já o urso, por outro lado, é capaz de impingir dano considerável aos inimigos. Obviamente, o porte de cada animal liberado depende do tamanho do inimigo derrotado.

Chefes: um pouco de massa cinzenta pode ajudar

Embora a jogabilidade de forma geral permaneça sempre bastante intuitiva, em alguns momento Mini Ninjas lança mão de um apelo mais puzzle. Particularmente, nas batalhas contra os enormes, lustrosos e intelectualmente desfavorecidos chefões do jogo. Basicamente, detonar os chefes vai, normalmente, envolver também a utilização de outro acessório importante: a sua massa cinzenta.

Um exemplo: para derrotar um chefe gigantesco, Hiro deverá atraí-lo até um pilar de pedra. A desmiolada criatura então vai acertar a pilastra e ficar com a espada presa; a oportunidade perfeita para o herói atravessar a espada — como uma ponte — e acertar o malfeitor diretamente onde dói mais... na cara.

Furtividade ninja

Não, a furtividade aqui realmente não chega perto da fórmula de Metal Gear. Mas também, a ideia não é essa. Agir na surdina em Mini Ninjas é tremendamente simplificado, mas não por isso menos interessante. Ao pressionar o botão correspondente, o seu personagem começará a se deslocar furtivamente. Caso exista ainda por perto arbustos ou rochas, melhor ainda.

Não é um Metal Gear, mas dá pro gasto!

Nesse ponto cabe destacar também a criatividade da Io Interactive no design dos cenários. Diversas partes convidam à ação “stealth”, quando você poderá passar por baixo de pontes, atravessar um imenso pátio de telhado em telhado ou ainda se ocultar no meio de árvores. Além disso, sempre será possível ocupar temporariamente o corpo de um animal da floresta para se mesclar mais facilmente aos ambientes e, dessa forma, evitar algumas lutas.

Com certeza tem estilo

Mini Ninjas realmente não traz os melhores gráficos desenvolvidos para um console da sétima geração. Mas não se pode dizer que o jogo não tem estilo. Tudo no universo do jogo parece se encaixar perfeitamente, sempre transmitindo algo como uma fusão entre ambientes 3D e animações (boas animações) em Flash.

Para tornar a longa jornada de Hiru e Cia. um pouco mais convincente, as fases se desenrolam em diversos horários do dia, incluindo ainda variações climáticas. Quer dizer, é inegável que sair de uma tarde ensolarada para invadir um castelo em uma noite chuvosa acrescenta muito ao clima da aventura.

Direção de arte impecável

Mas as músicas aqui também não fazem feio. Trata-se exatamente do tipo de trilha sonora que você esperaria para um jogo com temática oriental. São instrumentos típicos em uma profusão de sons, ou simplesmente uma flauta solo para criar a atmosfera de um trecho não muito agitado. Ou, ainda, tudo isso pode ser quebrado por batidas frenéticas de tambores, que indicam que o inimigo se aproxima.


Reprovado
Do que não gostei:

Mais um inimigo, mais uma magia gasta, mais um golpe liberado

Embora a jogabilidade de Mini Ninjas realmente não faça feio em nenhum momento, conforme as fases vão se acumulando, é impossível não acabar ficando pelo menos um pouco enfadado. Isso porque as coisas passam a se repetir à exaustão, com os mesmos inimigos aparecendo, cada qual demandando a utilização de um personagem/magia específica, e por aí vai. Resumindo: é bom, mas enjoa.

Um dos piores vilões: a câmera!

Tudo bem, reclamar da câmera em jogos de ação/aventura já é quase um clichê. Entretanto, após algumas frustrações, como imagens do céu enquanto você se embrenha em uma luta ferrenha, ou um giro súbito da imagem no pior momento possível, acaba sendo impossível não considerar a câmera como um dos vilões em Mini Ninjas. Não que com o tempo não seja possível se acostumar com a ideia de ter que corrigir a posição da imagem a todo o momento, só que isso cansa um bocado.

Na dúvida, vá com o Hiro

Por que alguém trocaria o certo pelo duvidoso?Sim, a ideia geral de Mini Ninjas é que você parta em uma empreitada conjunta através de um reino dominado pelo mal. Dessa forma, os talentos particulares de cada personagem deveriam ser determinantes na hora de despachar os inimigos para o outro mundo.

O problema é que isso não acontece exatamente dessa forma. A bem da verdade, Hiru é bem capaz de atravessar a imensa maior parte do jogo sem qualquer auxílio dos seus companheiros. Até por que, o protagonista ainda é o único capaz de executar as magias, certamente um dos ponto altos do jogo. Dessa forma, pode até ser interessante utilizar outros personagens para experimentar seus estilos particulares, só que isso não é realmente necessário para o desenvolvimento do jogo.

Cadê o multiplayer?

Depois de alguns bons minutos disparando golpes e magias contra legiões de inimigos, você provavelmente vai chegar a uma conclusão bastante óbvia: seria ótimo jogar Mini Ninjas em um modo cooperativo multiplayer. Então você vai até o menu, procura, procura... e nada! Embora o estilo seja perfeito para isso, embora existam diversos personagens, inexplicavelmente a desenvolvedora Io Interactive não adicionou nenhuma possibilidade multiplayer. Realmente uma pena.


Conclusão

Em primeiro lugar, vale enfatizar aqui: Mini Ninjas evidentemente tem um público-alvo bastante específico. Não que seja exclusivo para jogadores mais novos, mas a jogabilidade descomplicada, somada ao caráter um tanto repetitivo das batalhas e à campanha relativamente curta, com certeza colocam o jogo da Io Interactive como uma boa recomendação para jogadores, digamos, descomplicados — independentemente da idade, é claro.


No mais, Mini Ninjas pode sim trazer algumas boas horas de diversão. A jogabilidade é fluída, as magias interessantes e variadas — encarnar em um animal não poderia ser mais original! — e o clima geral do jogo é sem dúvida envolvente. Tanto pela construção primorosa dos ambientes quanto pela trama simples e criativa.

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