Dirigir pelo asfalto de Nürburgring nunca foi tão assustador, e divertido!
Convenhamos: os últimos títulos de da série Need for Speed bem que tentaram, mas não conseguiram entreter os jogadores por um longo tempo. Em vista disso, a Electronic Arts deu um bom descanso para a franquia, que ficou praticamente um ano sem novas versões. Agora, para desenvolver o novo título, a EA recorreu à ajuda do pessoal da Slightly Mad Studios, que conta com o talento de pessoas que ajudaram a construir os tradicionais GTR e GT Legends, ambos títulos para PC.
E dessa mistura entre uma série completamente Arcade com um estúdio especializado em realismo saiu Need for Speed SHIFT, que promete combinar o melhor de dois mundos. Será mesmo possível?
Sem enrolação
Em primeiro lugar, o foco do título é todo na jogabilidade e nas corridas, sem dar espaço para o mínimo de história. Os vídeos de abertura se resumem a mostrar os carros pelas pistas com alguns efeitos, sem qualquer narrativa. E como não temos história, o modo de carreira é todo construído sobre eventos.
Estes eventos são compostos por corridas simples contra adversários, provas por tempo, duelos entre máquinas, competições por territórios de fabricantes ou ainda o famoso modo de Drift, que voltou mais difícil que nunca (você verá abaixo o que achamos dele).
Junto com as suas colocações (que se transformam em dinheiro para a aquisição de novas partes ou de novos carros), entra também o sistema de estrelas, fornecidas para cada objetivo completado durante as provas, tais como seguir o percurso por 75% do tempo ou por obter determinada pontuação. Estas mesmas estrelas servem para abrir novos eventos e mais classes de potências.
Você é agressivo ou preciso?
Outro fator crucial da campanha de SHIFT é o sistema de níveis, de um a cinquenta, com os quais o jogador garante acesso às grandes competições, a novas pinturas e outras vantagens. Vale notar que os pontos para os níveis são dados de acordo com as suas manobras e ações, divididas entre agressivas e precisas.
Com a estrutura básica do jogo explicada, vamos ao que mais chamou nos chamou a atenção, para bem ou para mal!
Algumas coisas que gostei:
De acordo com as suas habilidades
Antes de partir para a pancadaria, a primeira coisa que você fará será o teste de habilidades, obrigatório antes do início do modo de carreira. Não se assuste, pois ele é muito rápido e determina se é necessário que você jogue com as assistências ou não.
Se os resultados finais não agradarem (como em nosso caso, no qual a simulação de dano ficou marcada apenas para visual), apenas altere o que desejar. Simples, rápido e fácil.
Velocidade de dar medo
Como comentamos em nossos testes preliminares, a sensação de velocidade passada por Need for Speed SHIFT é uma das mais intensas que já vimos em jogos de corrida, principalmente quando a visão acionada é a de dentro do carro (de cockpit).
Isso ocorre porque a câmera trabalha de acordo com os movimentos do carro, retratando acelerações bruscas, freadas e curvas de risco. As pistas também não são tão planas, o que faz com que o carro balance bastante em certos trechos, passando a sensação de que você perderá o controle a qualquer instante.
Para dar um toque especial, os desenvolvedores ainda aplicaram desfoque seletivo à tela: em altas velocidades o painel e as laterais ficam borradas, enquanto seus olhos ficam grudados no asfalto e no trajeto. O segredo do sucesso aqui é o exagero da realidade.
Os sons das feras
E como complemento a todas estas reviravoltas da câmera temos o trabalho fenomenal com os sons dos motores dos carros, mais agressivos que em qualquer outro título de corrida que já testamos.
Durante as largadas e retomadas os veículos praticamente ganham vida. É como se eles estivessem partindo para uma guerra. E na hora das colisões é ferro contra ferro, nada de sons de batidas ocas.
Errou, levou!
Se você não estiver habituado com os controles ou se costuma exagerar na dose de velocidade nas curvas, é melhor manter os assistentes ligados, pois as colisões são realmente duras. Pequenos toques em barreiras podem resultar em reduções bruscas de velocidade, sem contar a perda do controle e os danos ao carro, causados por impactos subsequentes.
Tentar usar os adversários para fazer as curvas também é arriscado, já que uma entrada em falso pode mandá-lo direto para a brita. E saiba que as laterais da pista realmente atrapalham a direção, fazendo com que o veículo deslize e salte pelos buracos. Praticamente não há vantagem em tentar cortar as curvas por isso.
Para terminar bem a penalização pelos erros, os impactos fortes o deixam desnorteado e tonto. Enxergar a pista nestas horas não é fácil!
Inteligência artificial vingativa
Cansado de jogos com carros bobos que apenas seguem uma trajetória pré-definida? Nós também, e por isso estamos felizes com o que vimos neste título da série. Algumas das rotinas podem não ser visíveis nas primeiras corridas em dificuldade mais baixa, mas basta chegar até a terceira série para que a competição comece de verdade.
Os adversários vão brigar não só com você pelas colocações, mas também entre si (o que de vez em quando resulta em acidentes generalizados pela pista).
Atitudes agressivas serão revidadas nas piores horas, o que significa que alguém tentará jogá-lo para fora da pista nas curvas.
Pistas inteligentes
Além de circuitos reais como Laguna Seca e Nordschleife, Shift traz até o jogador uma série de circuitos fictícios, garantindo — ao lado do sistema de níveis e missões — muitas horas de duração para o modo de campanha.
Mas o melhor de tudo é que não se tratam de traçados planos e previsíveis, muito pelo contrário: curvas fechadas sem visibilidade, seguidas de descidas, subidas violentas e ondulações realmente estressam (no bom sentido) a habilidade do jogador que está por trás da tela a todo instante. É difícil achar alguma pista que não requeira atenção total.
Online sem lag
A porção online do game é dividida basicamente em dois modos, que são Versus e Driver Duel. Pelo primeiro, você pode competir em corridas tradicionais contra oito adversários de uma só vez, em salas que contam para a pontuação global da EA ou não. Cada um leva seu carro!
Agora, se você realmente quer ser o melhor, a opção é certa Driver Duel. Nestas corridas entram apenas dois carros iguais, mas em pistas aleatórias. O vencedor vai progredindo pelas chaves do campeonato até chegar à final.
Mas o mais legal é que a jogabilidade visceral é mantida intacta no modo online, isto é, você pode partir com tudo para cima dos outros jogadores, rodá-los nas curvas com toques nas laterais e até mesmo acabar com a corrida de alguns com colisões violentas. Apenas tenha em mente que eles podem fazer o mesmo a você.
Personalização não falta
E para aqueles que preferem investir mais tempo em seus carros, a personalização de SHIFT vai desde a lataria até a mecânica. Alguns dos exemplos são os tipos de pinturas (entre Candy, metalizada, reflexiva e fosca), adesivos para as laterais, variações de Body Kits (saias laterais e pára-choques) e rodas.
E uma vez comprado, o carro pode passar por ajustes com as peças já existentes (para a correção de saídas nas curvas ou ainda para o câmbio), ou pela instalação de novas partes (Upgrades), que elevam os coeficientes de forma direta.
Algumas coisas que odiei:
Cuidado: pista ensaboada!
Dentre todas as modalidades de corridas, tivemos problemas com apenas uma delas: Drift. Ao contrário dos jogos antigos, nos quais era possível manter o carro com facilidade dentro do trajeto enquanto os pneus deslizavam, SHIFT o joga com força para todos os lados, ainda mais em altas velocidades.
A realidade é que as curvas requerem quantias quase exatas de aceleração e de frenagem, o que pode ser um verdadeiro inferno para quem conta apenas com teclados ou controles sem gatilhos analógicos. A dificuldade na manutenção de uma boa técnica chega a ser extrema.
Carros inúteis!
E, infelizmente, o problema da “pista lisa” se aplica o tempo todo para alguns veículos, a exemplo do Camaro e do Dodge Viper, que adoram virar em excesso nas saídas das curvas mais fechadas, mesmo com muitas regulagens mecânicas. Isso custou a SHIFT alguns pontos no quesito jogabilidade.
Cada classe (Tier) de veículos sempre possuirá alguns com péssima jogabilidade e outros muito mais controláveis, o que quebra um pouco do propósito da seleção. Se começar a ficar frustrado por não conseguir manter o carro na pista parta para outros, como os Skylines e os Nissan.
Músicas de assustar
Para a maioria das partes do jogo, só há a trilha sonora dos menus (leve), já que os motores dos carros são mais do que capazes de entretê-lo. Entretanto, para algumas das provas entra uma mistura horrível de música latina, japonesa e de outros idiomas.
O resultado é irritante, com cortes súbitos entre as faixas. A sensação final é de que aquilo não deveria estar ali.
Paisagens de papel
Perto de gráficos como os de Racing Driver: GRID e de DiRT 2, fica difícil dizer que SHIFT merece destaque. Não nos levem a mal: há modelagem satisfatória de danos, belas iluminações de acordo com os horários e bons efeitos para os carros, mas em geral falta qualidade, ou algo que prenda a atenção do jogador.
Um olhar pelo retrovisor nos revela modelos de qualidade mais baixa, texturas apagadas e uma pista que vai sumindo aos poucos. Isso mesmo: partes mais distantes são “cortadas” literalmente do espelho.
Os personagens que finspecionam o carro antes de cada prova também não impressionam: poucos polígonos, cabelos de pedra e animações fixas, que os fazem atravessar por dentro de alguns modelos de carros.
E ao fundo, as visões ficam ainda piores, com paredes de “florestas” em duas dimensões, que realmente saltam aos olhos. A dica para quem joga no PC e conta com uma boa placa de vídeo é injetar uma grande dose de Anti-Aliasing para deixar tudo liso.
Bugs escondidos pelos cantos
E depois de tudo o que dissemos nesta análise, fica claro SHIFT mostra uma relativa falta de polimento debaixo do capô. Algumas das coisas que vimos foram os carros despencando no início de cada corrida (como se eles tivessem aparecido do ar) e colisões sem que o carro atingisse muretas.
Em pistas fechadas (com voltas) e em alguns trechos, os sons dos carros que estão distantes parecem vir diretamente de trás, criando a ilusão de que você está sendo ultrapassado, o que pode desconcentrar a alguns.
Mas o mais curioso é ver os carros “saltitando” pela pista: em retas, seu carro começará a balançar de um lado para o outro em alta velocidade, até que não exista nada que você possa fazer para reverter a situação, nem mesmo para adianta. O problema não é tão frequente, mas pode ocorrer a partir do Tier 3 e com melhorias na suspensão.
Para entender melhor, confira o vídeo abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=9NFdXu4Bumk
Depois de muitas horas com os modos de campanha e online de Need for Speed SHIFT, uma coisa ficou clara: quem comprá-lo esperando a tradicional jogabilidade desenfreada e despreocupada de títulos como Underground vai “quebrar a cara”, não só nos muros das pistas, mas também porque este game marca uma transição completa de estilo para a franquia.
O que entra em cena é um modelo de direção desafiador, que valoriza as sensações de descontrole e de velocidade através do exagero da realidade e que requer uma fatia considerável de aprendizado, ainda mais com os assistentes desligados e com o dano completo, além do simples efeito visual.
É uma pena que por baixo de tudo isso existe uma série de problemas, tais como os gráficos medianos, o modo de Drift — no qual é praticamente impossível controlar o carro —, as músicas pavorosas e até mesmo os bugs escabrosos que fazem seu carro voar, pois o jogo realmente tem potencial.
De qualquer modo, quem é fã do gênero e está em busca de um novo game não pode deixar de conferir. E que fique bem claro: você só aproveitará ao máximo Need for Speed SHIFT com um belo conjunto de som, controles analógicos e com a visão interna do carro, que realmente o coloca no papel do piloto.
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