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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Dia do Livro!

No dia mundial do livro eu sugiro alguns... Jogos!
Para quem não saber, o dia 23 de abril é o Dia Mundial do Livro — organizado pela UNESCO para promover o prazer da leitura. A data foi escolhida por coincidir com o aniversário da morte de Miguel de Cervantes (Don Quixote) e William Shakespeare (Hamlet), entre outros.
Aproveitando a deixa e o lançamento recentes de jogos como Dante's Inferno e Alice no País das Maravilhas — recém adaptada para o cinema e video games—, o 
eu sugiro outras grandes obras da literatura mundial que poderiam aparecer nos consoles.
A ideia não é nova, vários desenvolvedores já tiraram inspiração dos livros para criar novos jogos. Um exemplo é a franquia Xenosaga, baseada nas obras do filósofo alemão Nietzsche — que também inspirou outro jogo, Too Human.
Além destes, também podemos observar as várias adaptações de Don Quixote e a série de jogos inspirados nas obras de Agatha Christie, bem como a presença recorrente de personagens clássicos da literatura como Sherlock Holmes, Zorro e tantos outros. 
Confira aqui cinco sugestões de grandes clássicos da literatura mundial que ainda não apareceram nos video games, mas que renderiam títulos memoráveis. Se o seu livro de cabeceira não está na lista sugira-o nos comentários e apresente a obra para outros jogadores/leitores.
 

Ilíada e Odisseia

Poeticamente épicos


Por definição as epopeias são matéria prima rica para a produção de jogos de video game, haja vista que se tratam, na sua maior parte, de narrativas lendárias ou mitológicas. Entre as primeiras obras do gênero e da própria literatura mundial estão a Ilíada e a Odisseia — ambas atribuídas ao lendário poeta épico grego, Homero.
As duas obras são consideradas as mais antigas da literatura ocidental, datando do século oito antes de Cristo. Primeiro temos a Guerra de Troia (Ilíada) e depois a longa jornada de um de seus heróis de volta para a casa (Odisseia).
Muda o 

nome dele para Aquiles e o jogo está pronto!Em Ilíada, gregos e troianos travam uma guerra que se prolonga por dez anos, tudo isso porque a mulher mais bela do mundo, Helena (filha dos deuses Zeus e Nêmesis), é “raptada” pelo príncipe de Troia, Páris, despertando assim a fúria do seu marido, Menelau (o rei de Esparta). 
Aquiles, Odisseu, Ajax e outros grandes nomes se reúnem em prol da causa grega, apesar dos constantes atritos entre Aquiles e o rei Agamenon (irmão de Menelau e líder dos gregos).
Em meio a combates brutais os heróis clamam pela intervenção dos deuses que intercedem nas batalhas estendendo o conflito por dez anos.
Após uma década de embate a guerra finalmente chega ao fim, com a dizimação de Troia. Os sobreviventes partem para casa e entre eles está Odisseu — protegido de Atena, rei de Ítaca e grande estrategista. Todavia, sua arrogância e os caprichos dos deuses (notadamente Poseidon) acabam alterando o curso da sua jornada, levando-o ao encontro de gigantes, monstros marinhos, bruxas e outras agruras.
Como ficaria:
God of War é um exemplo bem próximo. A saga de vingança de Kratos serviria de base para a adaptação dos poemas homéricos, ou seja, um jogo com muita ação, monstros e mulheres seminuas. O título poderia adicionar alguns elementos de exploração de cenário, ou quem sabe um mundo aberto — especialmente na jornada de Odisseu — aumenta a imersão e conteúdo.
 

Guerra e Paz

RTS e RPG em um jogo histórico

Escrito por Leon Tolstói, Guerra e Paz é uma das maiores (e mais volumosas) obras da literatura mundial. O livro utiliza a história da Rússia, quando das guerras napoleônicas, como pano de fundo para discutir várias questões como a perda do livre-arbítrio, servidão, sociedades secretas e o próprio significado da guerra. Adoro aquele 
clima frio

 de Moscou!
A trama segue cinco famílias da aristocracia russa — Bezukhovs, Bolkonskys, Rostovs, Kuragins e Drubetskoys — durante a Era Napoleônica, mostrando os impactos da guerra na sociedade czarista. 
Como ficaria:
A riqueza e realismo dos detalhes presentes no texto serviriam de base perfeita para um jogo cuja jogabilidade misturasse elementos de RTS com RPG.
Além disso, cada uma das cinco famílias apresenta histórias intrincadas, com uma série de personagens secundários e objetivos escusos — material fértil para um bom RPG, no qual os diálogos e inclinações morais determinariam o curso da trama.
Enquanto isso, os elementos de estratégia em tempo real (RTS) transporiam com precisão todo elemento tático das Guerras Napoleônicas — Guerra da Terceira Coalizão (1805), a Paz de Tilsit (1807) e a Campanha da Rússia (1812).
 

Neuromancer

Entre na Matrix!

 
O primeiro e mais célebre livro de William Gibson ajudou a definir a cibercultura contemporânea, além de abrir as portas para o movimento cyberpunk. Neuromancer, escrito em 1984, introduziu novos conceitos para a época, como as inteligências artificiais avançadas e um espaço virtual comum — um misto de internet e realidade, algo como a apresentada na trilogia Matrix.
Quando você
 é mais máquina do que homem, você ainda é humano?A trama gira em torno de um hacker fracassado que é contratado para executar o maior hack de todos os tempos. Tudo começa quando Case, um ex-hacker (ou cowboy, como são chamados os hackers em Neuromancer), é envenenado por seus antigos empregadores — após descobrirem que ele estava os roubando —, danificando assim o seu sistema neural e impossibilitando-o de se conectar à Matrix.
Drogado, sem dinheiro e sem esperança de cura, Case é abordado por Molly Millions, uma "samurai urbana" aprimorada tecnologicamente que representa os interesses de Armitage, um homem misterioso que oferece curar Case em troca de seus serviços como hacker.
Como ficaria:
Deus Ex é um dos nomes que vem a mente, temas como sociedade pós-moderna, cybercultura e transhumanismo são apelas alguns dos elementos comuns aos dois.
Assim fica fácil pensar em uma forma de trazer a obra seminal de William Gibson para os video games. Adiciona-se ainda alguns elementos de Shadowrun — clássico do Super Nintendo inspirado no sistema de RPG homônimo derivado do universo proposto por Neuromancer — e temos um jogo realmente envolvente.
 

Crime e Castigo

Drama interativo

 
Considerada a melhor obra de Fyodor Dostoevsky, Crime e Castigo, foca a “ação” na angustia mental do protagonista, Rodion Romanovich Raskolnikov — um homem que tenta justificar moralmente o assassinato de uma mulher enquanto lida com a perseguição de um obstinado investigador da polícia.
"Me livro da veia chata e ainda faturo uma grana,

 não tem erro!"A obra é marcada pelo simbolismo e tateia inúmeros temas relevantes até hoje, como os perigos do utilitarismo e racionalismo filosófico radical, além de propor uma profunda análise ontológica.
Rodion Raskolnikov é um ex-estudante com sérios problemas financeiros, e alguns distúrbios mentais. Para resolver sua inconfortável situação, ele concebe um plano para matar e roubar a inescrupulosa, Alyona Ivanovna — espécie de agiota que penhora bens. As coisas não vão como planejadas e ele acaba matando Ivanovna e sua meia-irmã, Lizaveta — que apareceu inesperadamente na cena do crime.
Depois disso, Rodion entra em crise e passa a questionar seus motivos. Enquanto isso, o investigador, Porfiry, começa a seguir a trilha que inevitavelmente o levará até Rodion. Paralelamente, o ex-estudante transformado em assassino, estabelece relações com outros personagens que por sua vez colocarão em cheque a sua fibra moral.
Como ficaria:
Assassinato, investigação, prostitutas... Não estamos falando de Heavy Rain, mas os paralelos indicam o caminho da adaptação de Crime e Castigo para os video games. O jogo da Quantic Dreams mostrou que um drama interativo pode funcionar muito bem como um jogo e com tantos elementos psicológicos presentes na obra de Dostoevsky, fica difícil pensar em um estilo diferente para a sua versão virtual.
 

Macunaíma

O herói do Brasil!

 
A obra modernista de Mário de Andrade mistura critica social com comicidade. Ao criticar o romantismo da academia brasileira o autor propõe uma rapsódia tipicamente brasileira, a começar pelo protagonista, Macunaíma — um homem duplamente preguiçoso. Mais loco que os 
jogos japoneses.
A estrutura inovadora, de narrativa atemporal e desprovida de qualquer ordem espacial mistura elementos surrealistas — com aspectos ilógicos e fantásticos — com críticas à miscigenação étnica, religiosa e a linguagem brasileira.
Nascido às margens do Uraricoera (no meio da Amazônia), Macunaíma — o herói nossa gente — é preguiçoso por natureza, todavia está sempre metido em alguma encrenca. Das suas desventuras amorosas com Sofará (sua cunhada) até a incrível jornada em busca de seu muiraquitã (amuleto) perdido, passando pelos inúmeros encontros com monstros e outras entidades do panteão indígena brasileiro.
Como ficaria:
É difícil conceber Macunaíma em um jogo que não fosse de aventura, talvez com um mundo aberto. As constantes metamorfoses do protagonista — homem, peixe, pato, branco, preto, índio... — e seus encontros aleatórios com divindades, monstros e personagens absurdos certamente renderiam uma jogabilidade variada e divertida. Pense num GTA “modernista tupiniquim”; saem os criminosos entram os “curupiras”, “capeis” e afins.

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